Thursday, November 29, 2012

Na Contramão da História





Excelente artigo - "Até quando vamos ficar na contramão?" - publicado por Adriano Pires, Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) no Brasil Econômico, dia 29 de Novembro de 2012.

Comecei minha carreira na indústria do petróleo em 1980, na Petrobras; tive o privilegio de ser um dos precursores da indústria offshore no Brasil e da chamada tecnologia de ponta de “aguas profundas”.  Imigrei para os EUA há mais de 20 anos, mas sempre me mantive atualizado sobre a indústria Brasileira e, inclusive, estive a trabalho no Brasil para algumas das IOCs (International Oil Companies) inúmeras vezes ao longo desses anos.

Nos anos de 2005/06, em particular, estive no Brasil pela Kerr-McGee/Anadarko para o desenvolvimento do campo de Peregrino, juntamente com a Statoil.  Nessa época era visível o desenvolvimento  ocorrido na indústria de petróleo no Brasil desde a criação da Lei do Petróleo em 98.  A pujança e sinergia da indústria eram notáveis.  Praticamente todas as grandes empresas de serviço internacionais estavam presentes no país, sobretudo em Macaé. Organizações de classe, como a ONIP, por exemplo, e o IBP, haviam implementado programas sérios e exemplares de treinamento e capacitação da indústria nacional para atender a demanda crescente das empresas estrangeiras que corriam em massa para o Brasil. Eu particularmente tive o privilegio de participar diretamente de alguns desses programas. O ambiente na indústria era positivo, empreendedor e cooperativo, mesmo entre as ditas operadoras estrangeiras.  Em termos de dinamismo, trabalhar na indústria do petróleo no Brasil, nessa época, era como estar em Houston, nos EUA; em Aberdeen, na Escócia; ou em Stavanger, na Noruega.

A finais de 2007, 443,840Km2 de áreas exploratórias haviam sido concedidas a 141 operadoras, gerando uma receita direta para o pais de R$3.84 bilhões somente em bônus pagos a ANP, sem contar os investimento milionários feito por essas empresas na exploração e desenvolvimentos dessas áreas, e a enorme quantidade de empregos diretos e indiretos criados em suporte dessa atividade. A produção de petróleo do país passou de 307.000bpd em finais de 1997, pouco antes da criação da Lei do Petróleo,  para 660.000bpd em 2009. O sucesso do processo licitatório brasileiro estava devidamente atestado.

Infelizmente, com diz a cultura popular, “não tem mal que dure para sempre nem bem que nunca se acabe”. Com a suspenção da oitava rodada de licitações pela ANP e posterior confisco pelo governo Brasileiro dos blocos legalmente obtidos pelas operadoras estrangeiras, esse dinamismo cessou. Pior ainda, as mudanças grotescas e mal enjambradas feitas pelo governo Lula na Lei do Petróleo no final do seu governo; e todo o processo casuístico, arbitrário e flagrantemente inconstitucional engendrado pelo governo para a dita “capitalização” da Petrobras, transformaram um ambiente até então progressista e empreendedor em um ambiente de instabilidade jurídica e institucional a exemplo do que já vinha acontecendo na Venezuela de Chaves, na Bolívia de Morales, no Equador de Correa e na Argentina dos Kirchner.

Hoje, com o clima de incertezas que paira sobre a indústria do petróleo no Brasil, e depois de cinco longos anos sem a realização de uma rodada licitatória, a atenção das empresas estrangeiras se tem voltado a outros países, sobretudo na África, Ásia e até mesmo na América do Norte. Em estudo publicado em 12 de Novembro de 2012 intitulado  “North America Leads Shift in Global Energy Balancee que mereceu atenção da agencia de noticias Reuters, de Londres, a International Energy Agency (IEA) conclui que, depois do acidente com o poço da BP no Golfo do México, em 2010, a indústria de petróleo americana voltou a crescer a passos largos a ponto de que os Estados Unidos devam ultrapassar a Arábia Saudita como o maior produtor de petróleo do mundo antes mesmo de 2020. Interessante notar que, em Agosto deste ano, o “Bureau of Energy Management” dos Estados Unidos, publicou um calendário antecipando os períodos previstos para a realização das  próximas 15 rodadas licitatórias de blocos exploratórios, somente no Golfo do México, e somente entre os anos de 2012 e 2017. Uma média de três rodadas licitatórias por ano, enquanto no Brasil não se realiza uma desde 2008.  Por aí, quem sabe, se possa avaliar os efeitos de uma política bem estruturada e progressista, como a dos Estados Unidos, em comparação com uma retrógrada e arbitraria, como a que se tem observado no Brasil nesses utlimos anos de governo Lula e Dilma.

Wednesday, November 7, 2012

How This Happened





Got this very cool message yesterday shortly before Romney conceded Barack Obama's victory


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Luis,

I'm about to go speak to the crowd here in Chicago, but I wanted to thank you first.

I want you to know that this wasn't fate, and it wasn't an accident. You made this happen.

You organized yourselves block by block. You took ownership of this campaign five and ten dollars at a time. And when it wasn't easy, you pressed forward.

I will spend the rest of my presidency honoring your support, and doing what I can to finish what we started.

But I want you to take real pride, as I do, in how we got the chance in the first place.

Today is the clearest proof yet that, against the odds, ordinary Americans can overcome powerful interests.

There's a lot more work to do.

But for right now: Thank you.

Barack

Wednesday, August 22, 2012

Eu Também Já Vi o Mêdo da América



Texto escrito por mim em 2004, em seguida a reeleição de George W. Bush para a presidência dos Estados Unidos, e publicado pelo O Globo em 15-Nov-2004. Escrevi esse texto como um eco à excelente crônica escrita por Arnaldo Jabor – Eu Já Vi o Medo da América Profunda (O Globo – Segundo Caderno – 9-Nov-04), que, como a maioria dos textos do Jabor, foi profundo, oportuno e literalmente impecável.

Hoje sou eu quem mora nos EUA, isso já vão mais de 17 anos, quase 15, como imigrante. Nascido e criado nas praias douradas do Rio, com água salgada nas veias, sol na cabeça e lindas morenas nos olhos. Filho de classe média baixa, em plena ditadura militar do final dos 60 e 70, cresci politizado e sensibilizado pela injustiça e problemas sociais. Por força do trabalho, comecei a viajar para o exterior em meados dos 80, com passagens pela Europa, Asia e varias cidades americanas. Em 87 me mudei para San Francisco, a trabalho para uma grande empresa Brasileira, e em 89, para Los Angeles.

Em 90, com o nascimento da minha filha e um pressentimento sombrio sobre o advento do governo Fernando Collor no Brasil, resolvi aceitar um convite para me radicar definitivamente nos Estados Unidos, viver e trabalhar na California. Nos 11 anos que se seguiram vivi então uma fantasia de menino, a de surfar os “breaks” de Malibu e San Onofre, como protagonizado nas telas da minha juventude por Anette Funicello e Frank Avalone. Conheci de perto a “beach culture” americana: do surf, do volley de praia, da “muscle beach”, do roller-blade, do skateboarding.  Era uma América de uma juventude dourada, sarada e bonita, em muito parecida com a do meu querido Rio de Janeiro. Era uma América liberal, cosmopolita, formada por inglêses, autralianos, asiáticos, árabes e latinoamericanos. Isso tudo regado a temporadas regulares do Tom, do Ivan, do Hermeto e da Gal no Hollywood Ball.

Mas como não tem felicidade que dure para sempre nem tristeza que nunca se acabe, em Dezembro de 99 a firma onde trabalhava fechou. Depois de esgotar todas as minhas alternativas, em final de 2001 vim parar, entre todos os lugares, no Texas. Bastião do protestantismo mais intolerante, incruado e racista dos Estados Unidos. Berço e raiz da Ku-Klux-Klan, do escravagismo, da pena de morte e, como não poderia ser diferente, da dinastia Bush. Aqui se encontra uma igreja em cada esquina e uma arma em cada carro. Adesivos colados nos carros com dizeres do tipo “não mexa com o Texas”, “eu apóio as nossas tropas” ou ainda “se voar, eu mato” (em alusão a um clube de caça), são lembranças constantes da truculência e boçalidades Texanas.

Assim como o Jabor, eu também tive minha parcela de constrangimento quando, por exemplo, fui confrontado por colegas de trabalho com pegruntas do tipo: “O seu presidente também é comunista como o Hugo Chaves?, “Porque o Brasil votou contra os EUA na ultima reunião do WTO?”, “Como a Petrobras pode assinar um acordo de exploração com Cuba?”, ou ainda “Como a polícia brasileira teve a audácia de prender o piloto da American Airlines?”

Vivendo aqui, conheci o lado ainda mais podre da cultura americana. O lado das organizações “missionárias” pagas por companhias de petróleo para desalojar populações indígenas na América Latina, ou ainda por multinacionais para introduzir sementes transgênicas no Brasil, “por baixo dos panos” da WTO. Ouvi, atônito, à arrogância do locutor da rádio pública NPR numa manhã, descrevendo como satélites espiões americanos fotografavam as plantações de laranja e soja, e as culturas de gado no Brasil, para fornecer informações estratégicas a fazendeiros americanos.

É uma América decadente e facista. Onde há pouco mais de dez anos ainda se arrastavam negros até a morte, amarrados com correntes a para-choques de pickups dirigidas por adolescentes brancos e protestantes. Uma América onde o presidente declara no discurso de abertura da “Convenção Nacional dos Publicadores Evangélicos” que a grande ameaça aos EUA está nos povos que acreditam em outros deuses que não o “deus” americano.  Uma América que trancafia em Guantanamo Bay e outras dezenas de campos de tortura clandestinos espalhados pelo mundo, milhares de infelizes de pele morena e religiões que não o protestantismo branco americano. Essa América “religiosa”, fascista e ultra radical, que na defesa de seus “altos valores morais”, massacra, corrompe, estupra e destrói 50 anos de evolução, de democracia e de conquistas sociais em todo o mundo.

Wednesday, August 8, 2012




Morre aos 68 anos o músico "Magro" Waghabi, do MPB4


Morreu hoje, 8 de Agosto, por volta das 6 da manhã, de câncer, o "Magro", do MPB-4. A principio, tudo não passou de mais uma nota de falecimento nos jornais, mas na verdade o "Magro", ou Antônio José, como eu o conhecia, marcou minha vida e por ele eu nutria uma admiração especial. 


Éramos vizinhos no bairro de São Francisco, em Niteróisubúrbio do Rio, e nossos pais, melhores amigos de infância. Frequentava sua casa desde menino e seu avô, o "Seu José", como era conhecido na vizinhança, foi meu grande tutor, minha grande fonte de inspiração, meu professor particular de pintura, desenho e escultura por três memoráveis anos. Com ele eu aprendi praticamente tudo que soube de arte na minha vida. Costumava chegar da escola, tirar o uniforme, pegar minha bicicleta, meu material de desenho, e ir correndo para a casa do “Seu José”, que morava nos fundos da casa do “Waghabi”, o pai do Magro, para minhas aulas particulares com ele. Lembro-me claramente de uma vez quando ele se dirigiu a meu pai e disse: “Nunca dei aula de nada a ninguém, mas esse menino é diferente, gosto muito dele e acho que ele tem um futuro enorme pela frente, quero ensinar tudo que puder a ele”.

O “Magro” era o mais velho de três filhos assim como eu também sou o mais velho dos meus irmãos. Seu pai, assim como o meu (os dois, como se diz, eram “farinha do mesmo saco”, não era a toa que eram melhores amigos), queria de todos os modos que ele se formasse em engenharia. Foi um escândalo na família quando o “Magro” abandonou a faculdade pra seguir sua paixão pela música. Logo ele que, como o mais velho, deveria dar o exemplo para o resto dos irmãos. Sempre tive uma admiração profunda por ele, não só pelo seu talento, mas, sobretudo, pelo fato de ele ter tido coragem de seguir seu coração, coisa que, na época, eu não tive. Me lembro com clareza de muitas conversas a noite, em casa, ao redor da mesa de jantar, quando meu pai comentava: “Esse menino – o Magro – está perdido, isso não é coisa de gente decente, tenho pena do pai dele...”. Tanto meu pai quanto o Waghabi, o pai do “Magro”, eram partidários da ideia de que filho homem tinha que ser doutor, ou medico ou engenheiro, que aquele negócio de “arte” era coisa de “viado” ou de vagabundo. Com toda a pressão da família, e na fase mais negra da ditadura militar (como se diz em bom Inglês: “Against all odds”), o Magro deixou a carreira pra seguir seu coração. E deu no que deu. Viveu TODA a sua vida fazendo o que amava, música. Foram quase 50 anos dedicados exclusivamente a sua paixão. Fundou o MPB-4, compôs e arranjou musicas para Vinicius de Morais, Pixinguinha, Chico Buarque e outros “monstros” da musica popular brasileira.

Mudei-me do Brasil ainda jovem e, ano passado, em uma passagem pelo Rio, depois de muitos anos longe do Brasil, tive o prazer de dar-lhe um abraço durante um show patrocinado pela Repsol no Rio de Janeiro. Foi um prazer enorme ouvir o MPB-4 tão de perto e depois de tantos anos fora. Foi um prazer ainda maior poder dar-lhe um abraço forte depois de quase toda uma vida sem vê-lo. Ele me recebeu com um carinho especial e até emocionado. Me abraçou diante do publico presente, se virou para resto dos integrantes da banda e disse: “Esse e um grande amigo de infância, que não via há muitos anos, nossos pais eram melhores amigos e ele frequentava a minha casa quando era menino.”

Morre um grande sujeito, uma pessoa admirável, um tremendo expoente da musica popular brasileira, mas, sobretudo, morre um cara que soube seguir o seu coração. O legado que ele deixa para a MPB e para a própria alma do Brasil e imensurável!

Vá com Deus, “Magro”.

Tuesday, January 31, 2012

The Salvation of Man is Through Love and in Love

Extracted from the book "Man's Search for Meaning" by Viktor Frankl

... We stumbled on in the darkness, over big stones and through large puddles, along the one road leading from the camp. The accompanying guards kept shouting at us and driving us with the butts of their rifles. Anyone with very sore feet supported himself on his neighbor's arm. Hardly a word was spoken; the icy wind did not encourage talk. Hiding his mouth behind his upturned collar, the man marching next to me whispered suddenly: "If our wives could see us now! I do hope they are better off in their camps and don't know what is happening to us."

That brought thoughts of my own wife to mind. And as we stumbled on for miles, slipping on icy spots, supporting each other time and again, dragging one another up and onward, nothing was said, but we both knew: each of us was thinking of his wife. Occasionally I looked at the sky, where the stars were fading and the pink light of the morning was beginning to spread behind a dark bank of clouds. But my mind clung to my wife's image, imagining it with an uncanny acuteness. I heard her answering me, saw her smile, her frank and encouraging look. Real or not, her look was then more luminous than the sun which was beginning to rise.

A thought transfixed me: for the first time in my life I saw the truth as it is set into song by so many poets, proclaimed as the final wisdom by so many thinkers. The truth -- that love is the ultimate and the highest goal to which man can aspire. Then I grasped the meaning of the greatest secret that human poetry and human thought and belief have to impart: The salvation of man is through love and in love. I understood how a man who has nothing left in this world still may know bliss, be it only for a brief moment, in the contemplation of his beloved. In a position of utter desolation, when man cannot express himself in positive action, when his only achievement may consist in enduring his sufferings in the right way  – an honorable way  – in such a position man can, through loving contemplation of the image he carries of his beloved, achieve fulfillment. For the first time in my life I was able to understand the meaning of the words, "The angels are lost in perpetual contemplation of an infinite glory...


Viktor Emil Frankl M.D.Ph.D., born in Vienna in March 26, 1905, was a Jewish Austrian neurologist and psychiatrist as well as a Holocaust survivor. Frankl was the founder of logotherapy. (source: Wikipedia)

Monday, January 30, 2012

The “War On Christianity”

By Ed Kilgore

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Sorry to write so much about Newt Gingrich today, but I don’t know exactly how long we will have him to kick around, and he made some remarks near the end of last night’s debate that really call for a non-Kabuki response.
When an audience member asked the candidates how their religious beliefs would affect the decisions they made as president, Newt’s answer included this:
[O]ne of the reasons I am running is there has been an increasingly aggressive war against religion and in particular against Christianity in this country, largely by…
(APPLAUSE)
… largely by a secular elite and the academic news media and judicial areas. And I frankly believe it’s important to have some leadership that stands up and says, enough; we are truly guaranteed the right of religious freedom, not religious suppression by the state.
Now when a politician says something like this, they are obviously not being literal. No one is keeping Christians from attending church. No one is censoring sermons. No one is being jailed for espousing their faith. This is worth remembering, of course, because there have been more than a few times in history when Christians were persecuted actively for their faith—often by each other—and it is happening today in some parts of the world.
At the other extreme, some religious conservatives seem to feel that anything anyone says or does to offend their sensibilities qualifies as persecution. That is the idiotic essence of the annual “War on Christmas” brouhaha, in which some Christians profess martyrdom at the hands of department stores displaying “Happy Holidays” signs. (Ah, the saints weep!).
Sometimes “war on Christians” rhetoric means conservative Christians who oppose same-sex relationships, abortion or contraception, or full rights for women, feel entitled to receive government funds, or government jobs, or judicial appointments, without anyone questioning the impact of those beliefs on the discharge of the official duties that justify the grant or the job or the appointment. According to this twisted point of view, the right of religious expression carries with it the right to disobey uncongenial laws or even oaths of office, even while enjoying public support. So if there is a “war” going on, such Christians are definitely active combatants, not innocent victims.
And sometimes, especially during the last couple of years, the “war on Christians” involves the complex idea whereby the “Christian” foundations of the nation are being denied by secularists, in turn denying Christians—or more specifically, a particular brand of Christians—their natural dominion over public policy. This is a particular rich vein of delusion in the Christian Right wing of the Tea Party movement, which often argues that the Declaration of Independence—frequently conflated with the Constitution—enthrones not only Christianity but such “divine” and “natural” laws as the Right to Life for the Unborn, the Right to Discriminate Against the Ungodly, or even the Right to Enjoy Private Property Without Taxation or Regulation. These, it is asserted, are all part of the Founders’ design which cannot be abrogated by Congress or courts or any popular majority. You will note that in answering the debate question, both Romney and Santorum made elaborate references to the Declaration, which has become a major dog-whistle to the Christian Right for Republican politicians.
Now everything I know about Newt Gingrich suggests he subscribes to a considerable degree to all three of the above meanings of the “war on Christians.” He has fulminated against the imaginary “War on Christmas,” he has denounced enforcement of non-descrimination laws as religious persecution, and he has made a virtual cottage industry out of Christian-nationalist attacks on the very idea of church-state separation, up to and including his 2011 book pledging to stop Obama and his “secular-socialist machine.”
So when Newt Gingrich tosses out a term like “war on Christians,” he is packing an awful lot of ideological dynamite, much of it of a nature that an awful lot of Christians—myself included—find abhorrent. Since Newt is just one of the most proficient of many conservative pols who are deploying this sort of language, it will not go away even if he retires from the campaign trail and returns to his various money-making ventures.
Ed Kilgore is managing editor of the Democratic Strategist and a senior fellow at the Progressive Policy Institute.
Originally posted on January 27, 2012 4:00 PM at the Political Animal Blog of the Washington Montlhy

Wednesday, January 25, 2012

"Before I Speak Tonight"

Here is a transcript of a message left by Barack Obama as he headed for his 24-Jan-2012 "State of the Union Address" to all his campaign contributors, I assume. How cool is that?


"Luis,

I'm heading to Capitol Hill soon to deliver my third State of the Union address.

Before I go, I want to say thanks for everything you're doing.

Tonight, we set the tone for the year ahead. I'm going to lay out in concrete terms the path we need to take as a country if we want an economy that works for everyone and rewards hard work and responsibility.

Those are values that brought millions of people into this movement, and they remain the core values that unite us and shape our agenda for 2012 and beyond.

But I wouldn't be able to speak to them without your continued support. I'm glad to know you'll be standing with me up there.

Thanks, and I hope you can tune in tonight.

Barack"

Sunday, January 22, 2012

A Competitividade Chinesa

A competitividade chinesa

Merval Pereira, O Globo  - Domingo 22 Janeiro 2012

O relatório intitulado “Tecnologia e competitividade em setores básicos da indústria chinesa”, fruto de um termo de cooperação entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, sob o comando do ministro Moreira Franco, do PMDB do Rio, e a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ, define a inovação tecnológica como o ponto central do desenvolvimento da China.
Segundo o estudo, a capacidade inovativa chinesa é baseada em duas convicções que se interligam: a criação de novas tecnologias, produtos e serviços, e a ideia de que a China deve imitar o modelo de inovação do Vale do Silício, na Califórnia.
Apesar das dúvidas quanto às estatísticas chinesas, e à qualidade da massa de trabalhos acadêmicos e patentes registrados, os números oficiais são impressionantes: em 2008 a China teve quase 290 mil patentes pedidas, sendo 67% solicitadas por residentes, fruto de uma taxa de 23% de crescimento entre 2004 a 2007.
Comparando com o Brasil, tivemos pouco mais de 21 mil patentes pedidas no mesmo ano, em sua maior parte por não residentes (81,6%), com taxa de crescimento de apenas 4% de 2004 a 2007.
Na China, segundo o estudo, 72% dos detentores de patentes são empresas, contra 53% no Brasil, o que demonstra a integração entre pesquisa nas universidades e desenvolvimento, sendo prioritárias pesquisas aplicadas, com foco no mercado.
As empresas chinesas estariam muito mais voltadas ao desenvolvimento e à melhoria dos produtos já existentes do que para pesquisas e invenções de novos produtos.
Capital e recursos humanos são investidos em projetos de curto prazo com retorno rápido, enquanto as universidades cuidam dos projetos de longo prazo.
A China pretende consolidar, por exemplo, sua indústria farmacêutica, que atualmente tem mais de 13 mil pequenas empresas operando, principalmente na economia paralela, produzindo remédios e produtos de higiene pessoal com o risco de os consumidores comprarem produtos de qualidade duvidosa.
A consolidação da indústria se dará em torno de uma ou duas empresas a nível nacional. A nível regional, o governo pretende criar 20 grandes empresas. A ideia é aproximar o mais possível a produção e a venda, a fim de baratear os preços dos medicamentos.
Preocupa o governo chinês, no entanto, o fato de as novas invenções terem origem, em sua maior parte, em laboratórios multinacionais, o que é percebido como uma fraqueza do país.
Em média, o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento da China aumentou a uma taxa anual de 9% em relação ao PIB nos últimos dez anos.
O investimento vem se concentrando progressivamente nas empresas, representando em 2006 cerca de 70% do total, em detrimento dos institutos de pesquisa, que viram reduzidas as verbas de 40% para cerca $20% do total.
Nos últimos anos houve uma preponderância do financiamento para desenvolvimento de tecnologias, que chega a cerca de 80% do total de recursos. Houve também um aumento do número de pessoas envolvidas em Pesquisa e Desenvolvimento, em particular no número de cientistas e engenheiros.
A parcela relativa às universidades e outras instituições se manteve inalterada, em torno de 10%.
O documento traz em sua contracapa um texto não assinado que pode servir de conclusão do estudo, que teve início com uma pergunta básica: o quanto a dimensão tecnológica é relevante na competitividade chinesa?
“O que se observou no campo foram empresas que, tendo começado absorvendo tecnologia licenciada, foram, ao longo do tempo, inovando “secundariamente”, absorvendo mais tecnologias por acordos, engenharia reversa ou grande esforço próprio, acumulando capacitações tecnológicas de produção e de inovação, e ganhando mercado.
“Migrando de ciclo em ciclo de inovação, e se recriando organizacional e competitivamente, a cada rodada de crescimento e sofisticação empresarial.
“No processo, algumas poucas empresas já alcançaram a liderança em segmentos de sua indústria, ou acabaram por desenvolver trajetórias tecnológicas próprias que as suportam em posições competitivas singulares e sustentáveis.
“Se o vasto sistema produtivo chinês ainda não está neste patamar, isso não quer dizer que não se possa seguir caminhando nessa direção.
“Não é só o estado atual da República Popular da China que é impressionante; o que realmente fascina é a sua evidente capacidade de aprendizado, evolução e transformação coordenada, em busca de uma posição de liderança no cenário mundial.
“Se por um lado é evidente, e já notório, que o despertar e o crescer de tal gigante industrial ameaça a indústria nacional em múltiplas frentes, por outro se pode constatar que o Brasil tem imensas oportunidades de aprendizado e colaboração com a experiência chinesa.
“O ineditismo da experiência histórica recente, articulando estado forte e múltiplo, planejamento governamental coordenado e para o longo prazo, competição acirrada, empresas dinâmicas, desenvolvimento tecnológico e instituições em mutação, levando-a a mudar o mundo tal como o entendemos, nos coloca de frente à História.
“E pergunta ao Brasil: e o que vocês farão da sua?”

22.1.2012
 | 8h01m

A China Inova

A China inova

Merval Pereira, O Globo - Sábado 21 Janeiro 2012

A China, revelada esta semana mais urbana que rural, busca agora um crescimento qualitativo tanto no seu desenvolvimento social quanto no tecnológico.
O processo de evolução das empresas chinesas está baseado no amadurecimento de sua capacidade de desenvolver tecnologia e produtos inovadores. O 12º Plano Quinquenal, que está em vigência desde março do ano passado, tem o objetivo central de fazer migrar o padrão de desenvolvimento da China para indústrias avançadas e desenvolvimento tecnológico, em busca do que classificam de “harmonização da sociedade”.
A intenção é promover um “pouso suave” para um crescimento médio de 7% do PIB nacional “com qualidade”, com metas que incluem a promoção do consumo, redução das diferenças sociais através da melhoria do salário mínimo e metas de eficiência energética.
O plano quinquenal pretende mudar a expressão Made in China, ligado a produtos de baixa qualidade, por Designed in China, com a ambição de tornar a China um país “orientado para a inovação” até 2020.
Essas são algumas das conclusões de um documento resultado de um “termo de cooperação” entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, sob o comando do ministro Moreira Franco, do PMDB do Rio, e a COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ abrangendo três setores que, combinados, produzem sinergias poderosas na conformação da base tecnológica de uma indústria nacional/regional: químico, eletroeletrônico e metal-mecânico.
O propósito era avançar na compreensão das vantagens competitivas das empresas chinesas, além dos custos baixos de mão de obra, câmbio sub-valorizado e subsídios governamentais.
Aspectos ligados à infra-estrutura logística e carga tributária foram analisados marginalmente no estudo, que abrangeu não só o conteúdo de avanços em campos específicos, mas também nas formas de organização de produção e inovação, e de relacionamento das empresas com Universidades e Institutos de Pesquisas.
Foram visitados departamentos e laboratórios das universidades de Tsinghua, em Beijing (que tem um Centro China-Brasil de Mudanças Climáticas e Energia e é uma referência nacional, onde muitas lideranças chinesas estudaram, inclusive o Presidente Hu Jintao); de Zejiang em Hangzhou; Tianjin, em Tianjin; o Instituto de Tecnologia de Tratamento da Água e um instituto da Academia de Ciências da China.
“Nada poderia ser mais central para a competitividade chinesa que a velocidade e a consistência de seu desenvolvimento tecnológico”, conclui o estudo.
O saldo é uma indústria ampla e diversificada, em diferentes estágios de maturidade e com diversas maneiras de governança.
As empresas estatais centrais, ligadas ao governo de Beijing, são distintas das empresas estatais locais e as empresas coletivas, e todas diferentes das empresas privadas.
O relatório afirma que, ao longo do estudo, ficou evidente o papel das políticas públicas na definição da trajetória de sucesso das empresas, políticas não apenas definidas pelo governo central mas também a nível provincial e das municipalidades e prefeituras.
Há um evidente processo de influência mútua entre empresas e governos no estabelecimento das estratégias empresariais e das políticas públicas.
Bons exemplos são as empresas Haier, de eletrodomésticos; Huawei, de telecomunicações; a Guodian, de geração eólica, a Desano, em insumos farmacêuticos, e muitas outras.
O caso do setor de geração eólica é particularmente exemplar, destaca o estudo. Nos anos 90 o governo central sinalizou que o setor era essencial para o desenvolvimento do país, e as empresas começaram a prospectar o campo, as universidades promoveram estudos e pesquisas e enviaram quadros para doutoramento no exterior.
Em 2005 o governo lançou uma política de apoio à indústria, e as empresas começaram a fazer acordos de transferência de tecnologia promovendo ciclos de inovação secundária, com formação de capacitações tecnológicas, até mesmo para a produção de turbinas eólicas.
Em 2011, as empresas chinesas já estão trabalhando com tecnologias de ponta em processos de inovação secundária avançada, e a China de torna o país com maior potência eólica instalada no mundo, representando 23% do total mundial, superando Estados Unidos e Alemanha.
O processo de planejamento governamental chinês tem dois eixos principais: o Plano Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia de 2006 a 2020, centrado no princípio de “inovação autônoma”; e o Plano Quinquenal.
O investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, que em 2005 era de 1,35%, será equivalente a 2% do PIB chinês, para chegar a 2,5% em 2020.
Em cinco anos a meta é obter avanços científicos e tecnológicos também com educação da mão de obra para conseguir qualidade e eficácia na economia.
Três setores terão prioridade: saúde, energia e tecnologia. As indústrias-chave serão biotecnologia, novas energias, fabricação de equipamentos de ponta, conservação de energia e preservação ambiental, combustíveis limpos para veículos, novos materiais e nova geração de tecnologia da informação.
A China aumentou sua participação na exportação mundial de 3,9% em 2000 para 10,3% em 2010, ultrapassando a Alemanha em exportações.
Além de inundar o mundo com bens de consumo a preços baixos, a China tem exportado bens de capital, aumentando sua produtividade no exterior. A partir de 2006, apenas a China e a Coréia do Sul aumentaram sua participação nas exportações globais.
O estudo faz uma comparação com o Brasil: em 2000, a maior parte das exportações de Brasil e China era de baixa intensidade tecnológica (alimentos, matérias primas, têxteis e outros manufaturados).
Em 2009, a China reduziu em 16% essas exportações, aumentando a participação das de média (químicos básicos, maquinário elétrico, plástico) e alta tecnologia (fármacos, bens óticos).
Já o Brasil aumentou 11 pontos percentuais na exportação de baixa intensidade tecnológica, e reduziu também as de média e alta tecnologia. (Continua)

21.01.2012
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08h01m



Thursday, January 19, 2012

Triste História do Desenvolvimento Industrial no Brasil

Brilhante o artigo do professor Marcelo Coutinho (“Risco de Destruição” - O GLOBO - Quinta-feira, Janeiro 19, 2012). Como ele próprio cita, é inacreditável como a suposta “elite” intelectual deste país se recusa a enxergar esta realidade. Voltemos, por exemplo, a 30-e-poucos anos atrás quando me formei em Engenharia Naval pela UFRJ. Naquela época o Brasil era o segundo maior construtor naval do mundo em tonelagem de aço processado, seguido de perto pela Coréia do Sul. Lembro que nossos estaleiros e engenheiros navais caçoavam dos “colegas” Coreanos alegando que lá se trabalhava todo um dia para receber como pagamento uma tigela de arroz ao final do dia. Hoje, pouco mais de 30 anos depois, a Coréia do Sul tem umas das indústrias navais mais poderosas e avançadas do mundo enquanto a nossa, está completamente sucateada.

Mas não ficaram somente na indústria naval. A indústria Coreana de eletrônicos hoje é uma das mais modernas do mundo, passando mesmo a Japonesa. E não é só isso. Lembro claramente de um dos primeiros sedãs Coreanos lançados nos EUA há mais ou menos uns 25 anos atrás, o Hyundai Elantra. Era a piada do mercado automobilístico americano; só imigrantes pobres, estudantes e empregadas domésticas compravam o Elantra. Recentemente, o Elantra foi eleito o melhor carro do salão de automóveis de Detroit.

História semelhante também se observa na Noruega que, ao final da segunda grande guerra, era um país eminentemente agrícola. Hoje, em pouco mais de 60 anos, tem o maior índice de desenvolvimento humano do mundo. Claro que as ricas reservas de petróleo no Mar do Norte grandemente favoreceram a Noruega, mas notem que lá o petróleo não foi descoberto até 1952 enquanto no Brasil a primeira jazida foi descoberta na Bahia em 1939. A Noruega hoje detém a tecnologia mais avançada do mundo para exploração e produção de petróleo enquanto nós, que descobrimos petróleo muito antes deles, ainda importamos tecnologia.

Nesses últimos 30-50 anos, a Coréia do Sul nos deu a Hyundai, a Kia, a Samsung, a Daewoo, a LG, entre outras. Nesse mesmo tempo a Noruega desenvolveu a indústria de petróleo mais avançada do mundo e deixou de ser uma nação eminentemente agrícola para alcançar o maior IDH dentre todos os outros países do planeta. E nós, nesse meio tempo, caimos da 37ª para a 44ª posição no ranking de desenvolvimento industrial das Nações Unidas, conseguimos sucatear a indústria naval que já tivemos um dia, fechamos nossa única fabrica nacional de motores (FNM), e sequer conseguimos produzir um par de sapatos que compita com os importados chineses. Não desenvolvemos sequer um radinho de pilhas nacional e as poucas tentativas de criar uma indústria automobilística Brasileira (como a Gurgel, por exemplo), fracassaram. Abdicamos da idéia de que uma nação rica é uma nação industrializada e nos recolhemos a triste realidade de uma nação extrativista como éramos a 60 anos atrás. Triste história essa a do “desenvolvimento” industrial no Brasil.

Risco de Destruição - por MARCELO COUTINHO



Risco de destruição MARCELO COUTINHO

O GLOBO - 19/01/12


O Nobel em economia de 2004, o americano Edward Prescott, defende que nenhum país perde ao vender apenas comida, minério de ferro ou petróleo porque o desenvolvimento dependeria de boas instituições, e não do que se exporta. Em 2011, tivemos um déficit comercial na indústria de 91 bilhões e exportamos 70% de bens primários e semiprimários, oriundos da economia fundiária e de exploração das riquezas naturais. Em proporções assim, desde Juscelino não acontecia. A maioria dos intelectuais do país tem preferido silenciar-se a respeito da nova dependência.

Antes que nos acostumemos a ter uma sociedade e economia onde a indústria é pouco importante, valeria a pena avaliar o que esta teoria institucionalista de Prescott desconsidera. Em primeiro lugar, ela ignora o fato de as nações industriais estarem sempre muito à frente na fronteira tecnológica e também no comando decisório do mundo. Em toda a história do capitalismo, não houve, e provavelmente nunca existirá, uma potência mundial de economia exportadora basicamente extrativa ou agrícola. No máximo, e olhe lá, encontramos potências médias nesse sentido.

Geralmente lembrada como exemplo de sucesso no desenvolvimento agroexportador, a Austrália tem extensão territorial equivalente à do Brasil. Somos o 5º maior país do mundo, com 8,5 milhões de km2, e a Austrália vem logo em seguida em sexto lugar, com 7,6 milhões de km2. No entanto, o tamanho da população australiana é não muito maior que o do Estado do Rio de Janeiro. Já somos quase 200 milhões de brasileiros. Eles não passam de 22 milhões. Logo se percebe uma diferença óbvia entre nós, envolvendo extensão de terras e pessoas morando nela.

O Canadá é outro país frequentemente mencionado para provar a ideia de que a especialização em commodities não impediria ninguém de se desenvolver. Com quase 10 milhões de km2, o Canadá tem um território maior que o do Brasil, e uma população menor que a do Estado de São Paulo. Além disso, os canadenses estão disputando a dianteira em algumas áreas tecnológicas, como aviação, telecomunicações e tecnologia da informação. Do Canadá vêm BlackBerry, Bristol Aerospace, Nortel e Bombardier, por exemplo. Esta última, aliás, forte concorrente da Embraer, que não existiria se governos brasileiros anteriores pensassem como Prescott.

Em segundo lugar, a vertente de um institucionalismo a-histórico despreza a possibilidade de a especialização em setores tradicionais ressaltar traços do que há de mais atrasado numa sociedade de massas de colonização primitiva, fazendo deteriorar suas instituições atuais. Austrália e Canadá tiveram um tipo de colonização diferente da nossa. E mesmo que essas trajetórias não sejam importantes, restaria ainda a relação entre instituições democráticas e estruturas econômicas.

Qualquer sociologia política pedestre reconhece a importância da industrialização para as democracias. As instituições de uma jovem democracia estabilizada pela inclusão política talvez não suportem a concentração de poderes nas mãos de elites agrícolas monocultoras, burguesia coletora de minerais e mercadores finacistas. Seria um feito passar por uma aliança entre esses grupos, com um partido há tantos anos no poder, sem fulminar o pluralismo político. Embora o mundo esteja repleto de democracias com pouca indústria de transformação, o Brasil seria a primeira com as suas dimensões e renda abaixo de 15 mil dólares.

Não deveríamos utilizar o país para testar uma teoria acadêmica. Foi muito difícil nos modernizar. Levou gerações. Seria a maior das tragédias civilizatórias constituir aqui uma sociedade agrária-extrativa-pastoril sem camponeses, acompanhada por indústria obsoleta. Por outro lado, a Europa arruinada está agora demonstrando o quão enganoso pode ser o pós-modernismo. A Espanha, por exemplo, que é bem menor que o Brasil, especializou-se em serviços, incluindo financeiros, e seus jovens não encontram emprego algum. É isso que o futuro nos reserva?

Se fôssemos vender sempre só o que os outros esperam, teríamos continuado os ciclos econômicos coloniais. A agricultura se modernizou muito, mas não devemos superestimá-la. O melhor negócio do mundo não é produzir commodities porque justamente o Brasil está na lanterninha entre os emergentes. Sem a indústria não crescemos mais que 3,5% ao ano. Portanto, deixemos de transformar uma necessidade desde 2008 em virtude. Algo precisa ser feito antes que subvertamos o lema de JK, acabando com o desenvolvimento industrial de 50 anos em cinco.

Postado por MURILO às 05:50